Rosário com Arte – Ideal para Pastoral Urbana

PASTORAL URBANA

A Pastoral Urbana nasceu na América Latina nos anos 60, como esforço de reflexão, orientação e ação relativamente aos problemas pastorais específicos das grandes cidades.

Nasceu, de um lado, da constatação que a urbanização crescia rapidamente e algumas cidades transformavam-se em “megalópoles” (ou grandes metrópoles) e, por outro lado, da percepção de que a maioria das práticas pastorais da Igreja Católica estavam adequadas ao mundo rural ou à cidade pequena, não às metrópoles modernas

O padre Alberto Antoniazzi, falecido em 2004, era teólogo e foi assessor da CNBB, trazia reflexões e intuições teológico-pastorais importantes no sentido da atuação das PU. Por exemplo:

  1. A urgência de se pensar uma ação evangelizadora com linguagem e conteúdo significativos para o homem e a mulher de nosso tempo;
  2. A criação de uma dinâmica eclesial participativa e corresponsável entre clérigos e leigos/as;
  3. A configuração de uma ação evangelizadora própria para o complexo contexto urbano das grandes cidades;
  4. A presença viva, significativa e atuante da Igreja nas periferias, aglomerados e favelas;
  5. O desafio de se pensar uma ação evangelizadora específica para a situação dos condomínios e bairros verticalizados (grandes edifícios).

O Pe. Irala e o OPA, com um tanto dessa “criação de dinâmica eclesial participativa e corresponsável entre clérigos e leigos/as” e “de uma ação evangelizadora própria para o complexo contexto urbano das [grandes] cidades”, para colaborar com as atividades naturais da Pastoral Urbana, apresentam esta: Rezar com arte em meio aos templos, espaços e monumentos históricos das cidades.


UM EXEMPLO BEM SUCEDIDO DESTA PRÁTICA

O SANTO ROSÁRIO EM ARTE:

Imagine-se rezando o rosário com a meditação correndo ao vivo através de todas as artes, você e outros presentes ao evento, vendo e ouvindo as ocorrências como se ali estivessem em corpo e alma! Imagine-se a si mesmo vendo, tocando e conversando com Jesus, com Maria e os personagens que sempre chamaram sua atenção porque a venera e a acata como se fossem modelares de sua conduta de ação e vida.

Pois é isso que a arte é capaz de propiciar: entrar no mistério, ser parte dele, ser protagonista e não somente espectador. Nós do OPA (Oração pela Arte) sempre buscamos os caminhos da oração através de nossa arte e ajudar outros a orar com a mesma arte. Não temos nos arrependido. A arte nos levou a oração contemplativa e a oração nos transportou até Deus, ou até o mais perto que a gente, ser mortal é capaz de chegar. Nosso olhar tem se transformado e nossa audição aguçada para escutar e ver as mensagens de Deus que há nos sinais que emanam de todas as coisas.

Tente isso também. Rezar de outra maneira: rezar em profundidade. Fazemos parte de uma sociedade nascida, pela graça de Deus, num lugar cheio de beleza e cuja luz maravilha os pintores e faz de nós privilegiados. Porque não louvar a Deus por isso? Porque não deixar fluir tudo de nossa alma em arte? Em louvor de Jesus Cristo, nosso Salvador e de Maria sua Mãe Santíssima.

O SANTO ROSÁRIO: CRIAÇÃO.

Era Janeiro de 1986. No CTL de Itapuã, o Encontro Nacional do OPA tinha durado 10 dias e tinha sido muito produtivo. Decididos a criar alguma coisa de nossa religião que pudesse ser comunicado aos jovens e às novas gerações, trabalhamos com afinco nos 15 mistérios do Rosário, que, segundo a frase de Nizan Guanaes, “já tinha o roteiro completo”. Cada mistério tinha sua canção, cada canção sua coreografia e tudo tinha cenografia. O saudoso Dom Avelar estava presente e ali mesmo no CTL, nós fizemos palco da areia da praia, e da grama do pátio e saímos cantando e rezando o Santo Rosário, lembrando as gerações de Jesus, as caminhadas do povo de Israel, na caminhada de Maria para visitar sua prima, na alegria de João, no ventre da sua mãe e nas alegrias juninas. Depois continuamos caminho do calvário e cantamos a glória da ressurreição, com alegria e tristeza, com festa e arte, revivendo os passos de Jesus, com as contas das Ave Marias. Foi belo demais. Tivemos que mostrá-lo a outros, a todos, e foi assim que apresentamos “a peça” várias vezes em teatros da cidade (veja aqui a íntegra da apresentação), mas não estávamos contentes. Já se foram quase 20 anos e a Encíclica do Rosário, o lançamento dos mistérios luminosos e a benção de Nosso Arcebispo nos animaram a gritar e chamar todos, nossos amigos, familiares e todos, todos para virem participar e sentir como é bom louvar a Deus com arte. Quando começamos, em 1975, éramos praticamente os únicos que sentíamos a necessidade de colocar a arte à serviço do criador de toda arte. Sentíamos a saudade que as paredes de nossas igrejas transpiravam, da música e o ritmo das procissões, das pinturas e esculturas e das inocentes danças indígenas incentivadas por Anchieta em nossas belas praças e mirantes. E queríamos partilhar, como se partilha o pão da cultura e pão das artes. Venha pois, rezar conosco, venha pois sentir conosco. Não existe apenas uma maneira de rezar, mas muitas, e por todos os caminhos, o mesmo louvor sai de nossa alma para enaltecer no Salvador e sua mãe, Maria.

TEMPLOS NO CENTRO HISTÓRICO DE SALVADOR, BAHIA

AJUDA:

Esta Igreja foi a primeira Igreja de Salvador. Nossa Sra. da Ajuda, nossa primeira padroeira. A imagem é linda. Rezaremos nesta Igreja os mistérios gozosos, pois assim como o Anjo anunciou a Maria a vinda de Jesus, assim, foi nesta Igreja que a cidade “foi anunciada” do valor e do significado de seu nome de Cidade do Salvador. Nesta igreja, Vieira pronunciou 11 de maio de 1640 um dos sermões mais geniais da história dos sermões do mundo, quando a armada holandesa estava ancorada na Bahia e a cidade em perigo de cair de novo nas mãos holandesas.

CATEDRAL:

Anchieta e Nóbrega estiveram aqui, ajudaram a fundar a cidade. Vieira viveu aqui e via desde suas janelas “as baleias brincando na Bahia”. Quando a gente visita a Igreja quase sempre a vê cheia de turistas ou então ressoando em concertos de música renascentista. Precisamos encher essa igreja também com o ecoar de nossas orações. Tem um altar de Nossa Sra. Imaculada e outro de N. Sra das Graças; na sacristia 16 quadros com moldura de metal com a vida de N. Senhora. Mais: tem pinturas com histórias de mulheres que foram imagem de Nossa Senhora no Antigo testamento. São Francisco Xavier, padroeiro da cidade tem seu altar também, e Santo Inácio, o fundador da ordem.

NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS PRETOS:

Diz a psicologia que a gente ama aquele ou aquilo pelo qual trabalha. Assim, os escravos amaram esta terra mais do que possível, pois por ela muito trabalharam, com sangue, suor e lágrimas. E ali estão eles, no Rosário dos pretos, ensinando a resistir, a lutar com as armas da paz e a vencer o tempo e as desventuras para serem alma e raça do Brasil. E Nossa Senhora só abençoando, acarinhando esse povo bravo e destemido, que soube, com suas tristezas e amarguras, colher cana e semear flores, pescar baleia e catar mariscos, cantar os pontos e dançar capoeira, na areia da praia, na íngreme ladeira, nos arraiais e manguezais. Eles, os pretos, Ela: Nossa Senhora do Rosário dos pretos. E dessa amalgama: O Brasil e Salvador de Nosso Senhor do Bonfim.

SÃO FRANCISCO E ORDEM TERCEIRA:

Por que São Francisco sendo tão pobre e amante da pobreza tem uma igreja toda cheia de ouro? Por que todo esse luxo? É verdade que pobre gosta de luxo? Uma coisa é verdade: o ouro que ali foi, não comprou armas. O ouro que ali está não comprou escravos. O ouro que ali brilha não enfeitou coroas de reis ou de rainhas. O ouro que ali está é a esmola do pobre, para o pobre de Assis. Para quem sofre as amarguras da vida, esse ouro brilha com o brilho do céu, com o brilho da promessa, na procura de um mundo novo, de um amanhã melhor.


Pe. Irala, SJ

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